Ecoansiedade

A ecoansiedade pode ser interpretada à luz de conceitos presentes na obra "Sociedade do Cansaço do filósofo Byung-Chul Han. Nesse livro, Han descreve a sociedade contemporânea como marcada por uma pressão constante para desempenho, produtividade e autossuperação. Ele argumenta que vivemos numa época em que as demandas externas se internalizam, e as pessoas acabam se autocobrando e se culpando por não conseguirem alcançar padrões ideais em diversas áreas, incluindo a sustentabilidade.

No contexto da ecoansiedade, essa lógica de autossuperação se manifesta na percepção de que o indivíduo é responsável por salvar o planeta -uma vez que ele o destrói, o que gera uma sensação de culpa e impotência diante dos problemas ambientais. Na "sociedade do cansaço, essa pressão constante para ser um "bom cidadão ecológico" leva ao esgotamento mental e emocional, pois a solução para as crises ambientais parece estar além do alcance individual. Assim, a ecoansiedade não é apenas uma reação à realidade objetiva da crise climática, mas também ao imperativo social de estar sempre "fazendo algo" para melhorar o mundo, o que se torna exaustivo e frustrante.

Zygmunt Bauman também pode ajudar a entender a ecoansiedade através do conceito de "modernidade líquida. Para o pensador, vivemos em uma era de incerteza e fluidez, em que as mudanças ocorrem rapidamente e de forma imprevisível. A crise ambiental, então, é mais um elemento que aumenta essa sensação de insegurança e falta de controle. As soluções para os problemas ambientais parecem escapar constantemente, o que gera a sensação de que o esforço individual é insuficiente, alimentando a ecoansiedade. Dessa forma, a preocupação com o meio ambiente se entrelaça com as angústias modernas mais amplas, que são amplificadas pela falta de respostas claras e de ações eficazes em nivel coletivo e institucional.

Portanto, tanto Byung-Chul Han quanto Bauman ajudam a explicar como a ecoansiedade é não apenas uma resposta à crise ecológica em si, mas também um reflexo das condições sociais, culturais e psíquicas da contemporaneidade, onde o cansaço e a incerteza são sentimentos generalizados.