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PENSANDO NAS REFLEXÕES AMBIENTAIS EM MÚSICAS

Mariana Scorsi

Desde criança, sempre fui apaixonada por música. Cresci com meu pai ouvindo sempre grandes clássicos do rock, pop, soul, r&b, nacionais e internacionais. Música sempre esteve presente na minha vida, e várias das minhas memórias tem músicas de fundo.


Há alguns dias atrás, eu estava vendo umas notícias sobre as chuvas no Rio Do Sul, com várias pessoas discutindo, na mídia e em redes sociais, os problemas ambientais que levaram a essa catástrofe. E vendo algumas imagens das cidades totalmente embaixo da água, me veio à cabeça umas cenas do clipe de Earth Song, do Michael Jackson. 


Me lembrei da primeira vez que vi aquele clipe. Acho que eu tinha uns 10 anos. 

Ele começava com umas cenas lindas de uma floresta verdinha, e do nada PÁ! Aparecia um trator derrubando tudo, e ficava tudo em chamas. E as cenas do Michael cantando no meio de uma floresta em chamas foram uito chocantes pra mim na época. Nem entendia direito o que a música falava - por ser em inglês - mas o tom dele cantando, umas cenas de animais mortos, uns povos indígenas com rostos tristes… Aquela forma sofrida de cantar, uma guitarra bem melancólica, combinada com umas imagens bem tristes (até guerra aparecia), era obviamente nada animadora.


Me pergunto se a minha sensibilidade ambiental despertou nesse momento, de tão impactante que foi esse primeiro contato com o clipe. Talvez esse tenha sido o real momento, e não durante a minha graduação antes de me tornar professora, em que eu lia artigos sobre problemáticas socioambientais e debatia uma vez por semana com colegas e amigos na disciplina de Química Ambiental. Às vezes na academia a gente estuda a teoria de tantas coisas que acaba ficando longe demais dos reais problemas. 


Mas independente disso, tentando não viajar muito, na verdade penso que a música serve, entre outros motivos, pra realmente causar esse desconforto na gente, não é? Dá pra usar a música pra abordar temas difíceis como decepções amorosas, perdas e recomeços, sofrimento e dor. Por que ela não abordaria a temática ambiental? 


Marvin Gaye tem uma música muito linda -que também acho triste-, que se chama Mercy Mercy Me. Ela poderia até ser considerada um retrato do Antropoceno, mesmo sendo dos anos 70 e o conceito de Antropoceno ter se popularizado nos anos 2000. A música diz, ao final: “What about this overcrowded land?

How much more abuse from man can she stand?”

(“E essa terra superlotada?

Quanto mais abusos do homem ela consegue suportar?”)


Tem uma outra que gosto muito, mais atual, que fala sobre o negacionismo às mudanças climáticas. 4 degrees (Anohni) é uma irônica crítica aos negacionistas, repetindo o tempo todo “it's only 4 degrees” (“são apenas 4 graus”). 


Decidi reunir várias pedradas ambientais em uma playlist no Spotify pra quando ficar revoltada com problemas ambientais pelo menos estar ouvindo um bom som. Compartilho com você, caso queira conhecer essas músicas que mencionei ou outras mais: 



Talvez hoje em dia seja meio cringe falar sobre significados de músicas ou mensagens nas suas letras, mas quando ouço músicas sempre me pego pensando, por que suas letras são tão certeiras! E é tão bom quando tocam nos assuntos que incomodam a gente. Depois do desconforto, se o objetivo for atingido, causa reflexão em quem ouve, e até mesmo (quem sabe?) uma sensibilização.

 
 
 

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