Soneto: A Terra envolta

Se caísse a cortina de fumaça,

Sei que o céu se decepcionaria

Com o olhar que ignora e se desvia

A visão do azul morto e o verde escasso.

E em si mesma iria a Terra se virar,

Suas entranhas todas ardendo,

Suas veias finas, o sangue fervendo:

Se pudesse, por que não nos devorar?

O mar então, entupido, se levantaria

Para com uma braçada nos engolir.

Mas, sei que nada é assim: não seria...

O Céu, a Terra, e o Mar a cair

Na vingança do homem? Eu diria

Que clamam para algum amor surgir.

Se a natureza tivesse sentimentos, tenho certeza que esta não estaria contente com o estado em que se encontra a humanidade em relação ao cuidado que temos com nosso próprio planeta: a respeito não só dos responsáveis pelas indústrias poluentes, mas também ao próprio cidadão que ignora os "chamados" do meio ambiente.