As Guerras que a Natureza Perdeu: O Impacto Esquecido dos Conflitos Mundiais na Fauna e Flora do Brasil

Muito se fala sobre as perdas econômicas e sociais geradas pelas duas grandes guerras mundiais, e pouco se fala sobre a perda que ela trouxe para a fauna e flora do nosso planeta, menos ainda no território brasileiro. A fauna e a flora brasileiras, apesar de não estarem no centro dos conflitos, sofreram impactos indiretos decorrentes da participação do país nos esforços de guerra e das mudanças globais provocadas por esses eventos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o Brasil enfrentou dificuldades no comércio internacional e começou a buscar maior autossuficiência industrial. Isso levou ao aumento da exploração de recursos naturais, como a madeira e o carvão vegetal, intensificando o desmatamento em algumas regiões. A produção agrícola também foi ampliada, muitas vezes de forma predatória, para suprir a demanda interna e internacional, afetando diretamente habitats naturais. A falta de habitats naturais gerou a morte de diversos animais que entraram em risco de extinção como, por exemplo, a ararinha-azul. 

Na Segunda Guerra Mundial, esses impactos foram ainda mais acentuados. O Brasil integrou-se mais fortemente à economia de guerra, exportando borracha da Amazônia — em especial com o movimento conhecido como a “Batalha da Borracha”, que incentivou milhares de trabalhadores a migrarem para a região amazônica. Essa exploração intensiva afetou o equilíbrio ecológico local, contribuindo para a degradação de áreas de floresta e a perturbação de ecossistemas.

Além disso, o aumento da industrialização e da urbanização no pós-guerra resultou em maior pressão sobre áreas naturais, com avanço do desmatamento, poluição de rios e solos e perda de biodiversidade. Espécies nativas foram ameaçadas pela redução de seus habitats, e a introdução de espécies exóticas — muitas vezes incentivada por práticas agrícolas e comerciais — causou desequilíbrios ecológicos.

Em resumo, as duas guerras mundiais impulsionaram mudanças estruturais no Brasil que, ainda que fossem indiretas em sua maioria, tiveram efeitos duradouros sobre a atual fauna e flora. A expansão econômica, a exploração intensiva de recursos e a urbanização crescente contribuíram para um processo de degradação ambiental cujos reflexos ainda podem ser observados nos desafios ecológicos do país hoje.